quarta-feira, 25 de julho de 2007

Por quê?

Depois de alguns minutos com os dedos completamente imóveis e os olhos fixando a tela, me deparo com uma assustadora ausência de expressão. Por mais que eu esteja lotada de sentimentos confusos, pensamentos estranhos e completamente abatida, parece que uma trava - um nó na garganta, ou nos dedos - me impede de liberar uma só palavra a esse respeito. Mas, por que? Por que sempre foi tão difícil pra mim falar do que se passa por dentro? É, talvez eu não goste que as pessoas saibam que estou longe, extremamente longe, daquela filha-irmã-aluna (ou sei lá mais o quê) perfeita. Que por mais que um sorriso esteja estampado em meu rosto, os cacos por dentro me machucam cada vez mais. Que falar demais me ajuda a fugir de falar. Por que eu tenho que ser assim?


Senhor, eu sinto saudades de você... De sentir o seu abraço, a sua presença. De ter a certeza de que você está ao meu lado não somente por uma convicção racional, mas por poder sentir o seu toque de um modo bem real. Eu sinto saudades de conversar com você a cada minuto do meu dia e perguntar sua opinião sobre o que eu devo almoçar. De reservar um lugar pra você sentar no ônibus ou sentar em uma mesa pra dois só pra te ouvir enquanto estou comendo. De ouvir sua voz quando vou dormir e sentir suas mãos acariciando meus cabelos enquanto me deseja boa noite. Por que situações tão pequenas conseguem me afastar de um Deus de grandeza incomparável? Eu quero ser atraída... Eu preciso...


Ao mesmo tempo em que minha zona de conforto me estimula a continuar aqui, debaixo das asas dos meus pais, sendo cuidada por eles, um sentimento estranho que ainda não consigo descrever ou discernir me faz querer nunca mais sair do Brasil. Morar pra sempre no lugar que Deus escolheu pra que eu nascesse. Entender tudo o que as pessoas falam e conversar com elas naturalmente. Comer aquilo a que estou acostumada. Ter bem mais que um banheiro na casa. Mas isso é tão pequeno! Não consigo entender como coisas tão bobas quanto essas geram em mim sentimentos completamente desestimulantes e me fazem - por momentos - querer desistir da vida nômade. Será que minha zona de conforto é mesmo ficar aqui?

O medo, a frustração, a decepção tentam invadir minha alma e dominar todo o meu ser. Todas as vezes que não entendo o que a pessoa do outro lado da linha está falando, uma tristeza profuna tenta me alcançar. Um sentimento de que o esforço com inglês não serviu pra nada. De que eu não sou nada do que pensei que fosse - ou do que as pessoas falam que sou.
Oh Deus, vem me encontrar... Eu preciso mudar! As lágrimas insistem em rolar, mas meu duro coração não permite que eu me quebrante. Ajude-me. Ajude-me. Ajude-me....

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